As concepções sobre Deus têm variado ao longo do tempo e do
espaço, conforme as diferentes culturas que as adotam. Historicamente é
possível encontrar diversificadas definições sobre a divindade, desde
tribos ancestrais até os princípios dogmáticos das religiões modernas.
Deus é concebido a maior parte das vezes como o Criador do Universo, Aquele que tudo rege. Na Teologia
Ele tem sido definido através de atributos como a onisciência, a
onipotência, a onipresença, a suprema bondade, a sagrada modéstia, o sublime
desvelo, Ser transcendente, eterno e desprovido de corpo, de quem nasce
toda a moral. Tanto judeus quanto cristãos e muçulmanos têm tolerado
estes conceitos com maior ou menor intensidade.
Na Idade Média, vários pensadores, como Santo Agostinho e Tomás
de Aquino, elaboraram teorias defendendo a existência de Deus, lutando
contra ilusórias incoerências inerentes às qualidades atribuídas à
Divindade. Ao longo da História as idéias sobre Deus revelaram-se bem
diversificadas. Desde o nascimento da Humanidade surgiram as diferentes
formas de compreender o Sagrado – como a percepção abraâmica de Deus,
também conhecida
como monoteísmo do deserto; assim se denominam as religiões
provenientes das convenções dos semitas, que têm como ícone a figura do
patriarca Abraão, ou seja, o cabalismo judaico, o Islamismo e a trindade
defendida pelo Cristianismo.
Outra visão importante
de Deus provém dos cultos indianos, que não são homogêneos em sua forma
de conceber a Divindade, mas se diferenciam de uma doutrina para a
outra, conforme a área da Índia enfocada e a casta em questão, desde as
que possuem uma crença monoteísta até as que professam o politeísmo. No
Budismo Ele não é percebido do ponto de vista teísta, ou seja, da fé na
existência de um único Deus, criador do Universo, pois apesar de
postular a realidade de vários deuses, esta religião vê estas entidades
tão somente como seres que residem, por algum tempo, em universos
divinos que oferecem aos seus habitantes uma intensa felicidade, mas que
ao mesmo tempo estão submetidos ao jugo da morte e à ocasional
reencarnação em mundos inferiores.
Hoje aparecem novos conceitos sobre Deus, como a Teologia do
Processo ou Teologia Neoclássica, segundo a qual esta entidade não pode
ser considerada onipotente se isto indicar que Ele deve ser repressor, e
a Divindade não seria perfeita se fosse restringida pela presença de determinados
atributos, entre outros princípios; e o Teísmo Aberto, teologia que
rejeita a onipotência, a onipresença e a onisciência de Deus.
No Ocidente, atualmente, chega-se a autores que defendem a morte de
deus, na verdade não do Ser em si, mas do conceito que predomina sobre a
Divindade na esfera ocidental, revelando o desencanto do mundo, no
sentido da idéia defendida pelo filósofo Max Weber. Isto significa que a
idéia sobre o Divino estaria exilada dos distintos círculos da
existência humana, tanto do social quanto do pessoal.
Alguns também lançam hipóteses sobre uma origem extraterrena de Deus,
na linhagem de escritores como Erich Von Däniken, autor de Eram os
Deuses Astronautas, enquanto outros, como o também escritor de ficção
científica, Arthur C. Clarke, defendem a possibilidade Dele ser
futuramente gerado pelo Homem, como uma espécie de inteligência
artificial. Há igualmente estudiosos que consideram as religiões e,
portanto, Deus, nada mais do que mitos, frutos do medo da morte e
daquilo que não se conhece.
A visão científica condena os dogmas, rejeitando assim as religiões
que se baseiam nestes princípios, os quais vão contra as mais recentes
descobertas científicas, e assim não atualizam seus postulados, o que
gera um inevitável confronto entre a Ciência e a Religião. Até mesmo os
que têm fé em Deus hoje questionam determinados ensinamentos dogmáticos
transmitidos pelas crenças que neles se fundamentam, o que abre um vasto
campo para o crescimento do materialismo e do ateísmo declarado. As
religiões atingem neste momento um impasse nunca antes vivenciado, pois o
desenvolvimento tecnológico invalida, em nossos dias, muitos dos dogmas
até agora considerados verdadeiros alicerces das crenças partidárias do
dogmatismo.