quinta-feira, 17 de março de 2016

Com uma gaveta cheia de ordens para matá-lo, o juiz Odilon de Oliveira vive sem liberdade

A primeira gaveta do enorme armário de aço no gabinete do juiz federal Odilon de Oliveira está cheia. São inquéritos da polícia federal, gravações telefônicas, cartas, recortes de jornal, bilhetes saídos de presídios e extensas investigações. Tudo, absolutamente tudo sobre o mesmo tema: planos e ameaças para matá-lo. É que Odilon fez alguns inimigos durante seus 24 anos atuando na Justiça Federal. E ninguém fica imune depois de ter desestruturado dezenas de organizações criminosas, ter condenado mais de 200 traficantes – ele perdeu a conta – e ter confiscado bilhões de reais do crime organizado.
É por isso que Odilon anda sempre cercado de agentes federais fortemente armados. Já são 13 anos vivendo em função dessa blindagem. Nesse tempo, ele chegou a ter oito policiais 24 horas ao seu lado, sem rodízio. Quantos são hoje? Ele responde, mas depois os próprios agentes pedem para que esse número não seja divulgado. O fato é que Odilon nunca está desacompanhado. Na formatura de um dos seus filhos, por exemplo, a lista de convidados da família Oliveira teve que ser inchada. Dez seguranças foram com o juiz, sendo cinco homens e cinco mulheres – assim poderiam formar par na hora da valsa.
Tanta escolta não é exagero, a cabeça de Odilon está mesmo a prêmio. Anos atrás, uma investigação feita em torno de um plano traçado para sua morte revelou que o pistoleiro embolsaria R$ 1,5 milhão. Seus inimigos são grandes. Uma das pastas da tal gaveta cheia de seu gabinete tem uma lista com 61 nomes. Todos grandes traficantes internacionais que poderiam tramar contra sua vida. Entre eles está lá: "Luiz Fernando da Costa (Fernandinho Beira-Mar)". Justifica-se: Odilon foi juiz corregedor do presídio federal de segurança máxima de Campo Grande de 2006 a 2009. Nesse tempo mandou Beira-Mar algumas vezes para o RDD, o Regime Disciplinar Diferenciado – o tal castigo. E está prestes a sentenciar o traficante num processo por lavagem de R$ 11 milhões.
Além disso, o juiz foi responsável por descobrir o plano de Beira-Mar para sequestrar um dos filhos do ex- presidente Lula, em 2008. A trama começou a ruir quando Odilon interrogava o megatraficante colombiano Juan Carlos Abadía, na época preso em Campo Grande. Interessado em conseguir alguns privilégios com a Justiça, Abadía vazou o plano durante o interrogatório – e Odilon iniciou o processo para acabar com o projeto de Beira-Mar. A indisposição com o alto escalão do Comando Vermelho estava feita. E não seria diferente com o PCC. Odilon condenou o traficante Cabecinha, responsável por enviar cocaína direto da Bolívia para a organização.
Odilon recebeu a reportagem da Trip em seu gabinete na Justiça Federal de Mato Grosso do Sul e também em sua casa, onde vive com a mulher e dois dos três filhos. Uma residência espaçosa, com quarto exclusivo para os agentes federais, bem diferente da casa simples onde ele cresceu na roça no interior do Estado, depois de ter saído ainda criança com a família toda de Exu, em Pernambuco, sua cidade natal. Na conversa ele fala sobre corrupção, legalização de drogas, decepção com a justiça brasileira, controle das fronteiras e privação da própria liberdade.
“Não tenho aquela liberdade de frequentar qualquer ambiente. Fico numa situação de preso no regime semiaberto”
O senhor pode ser considerado o maior inimigo dos traficantes no Brasil?
Bom, os jornais, especialmente do Paraguai, anunciavam isso. "O inimigo número 1 do tráfico", isso já foi manchete de vários jornais de lá. E do Brasil também. Na realidade, eu já condenei um montão de traficantes e contrabandistas. Sempre fui bastante rigoroso. De modo que minha imagem já é rotulada pelo mundo do crime como sendo o lado adverso, o inimigo. Quer dizer, dentro da criminalidade organizada eu já sou um cara mal querido, mesmo por aqueles que eu nunca sentenciei.
Já fez um levantamento do prejuízo que causou a esse crime organizado?
Tenho uma estimativa de 2005 pra cá, quando esta vara foi especializada em lavagem de dinheiro vindo do tráfico, sonegação e remessas pro exterior – que também tem relação com o tráfico. De lá pra cá nós sequestramos do crime por volta de 85 fazendas, 370 imóveis, 18 aviões, 600 veículos e 14 mil cabeças de gado.
E quanto isso significa em dinheiro?
Foi feita uma estimativa de que isso dá uns R$ 2 bilhões. Pra você ter uma ideia, eu sentenciei um traficante recentemente e confisquei dele um conjunto residencial fechado inteiro, com nove sobrados, um avião e mais três mansões. Isso é um baque danado pra pessoa. Surrupia mesmo o patrimônio. Aí é que a pessoa chia, né? E chia bonito.
Bom, isso explica o porquê de tantas ameaças de morte. Qual foi o plano mais recente descoberto?
Foi agora no fim de 2010, mas eu não gostaria de dar nenhuma informação porque está em investigação. A fase mais intensa foi quando atuei em Ponta Porã [entre 2004 e 2005], na divisa com o Paraguai. Acho que foi meu melhor momento como juiz federal. Não tinha uma semana em que eu não recebia uma ameaça de morte. Fiquei viciado naquela adrenalina. Foi lá que eu passei a viver no fórum depois de ter sofrido dois atentados. Eu estendia meu colchonete no chão e dormia ali mesmo. E em frente ao meu gabinete dormiam oito agentes da polícia federal.
É mais perigoso para um juiz investigar a corrupção política do que o tráfico?
A justiça penal no Brasil, no meu entender, virou ficção. Tem uma justiça para aquela pessoa que é cheia de pendor político, social e econômico. Nitidamente separada da outra justiça. Olhe: 23% do trabalho da polícia federal é dedicado ao combate à corrupção. E 15% é dedicado ao combate às drogas. Em 2010, todos os presos por tráfico no Brasil somavam 105.500 pessoas. Como a atuação da PF é maior para corrupção, você imagina que deve ter um número bem grande de presos também. Mas são 794 detidos. E desses 794 você vai achar só aquele servidor que pegou uma fiança de R$ 500 e embolsou. Isso responde a sua pergunta? E tem outra coisa que acho muito grave também. O sistema penal já é feito para beneficiar os grandes, alguns exemplos provam isso.
Que exemplos?
Na área do tráfico a legislação prevê de 5 a 15 anos de prisão, independente da quantidade de droga. Se um sujeito trafica 10 kg, ele é primário, de bons antecedentes, vai pegar cinco anos. Se ele trafica 10 t, nas mesmas condições do outro, ele vai pegar no máximo uns cinco anos e meio. Ou seja, a legislação incentiva a prática do grande crime. Isso vale para crimes financeiros, como remessas de dinheiro para o exterior. Se a pessoa mandar para o exterior R$ 10 mil ou R$ 10 milhões a pena vai ser quase a mesma. E quem trafica grandes remessas para o exterior? Claro que é quem tem muito dinheiro. Então a legislação brasileira é uma grande hipocrisia na esfera penal, ela é frouxa. O grande paraíso fiscal está aqui no Brasil, porque não dá nada mesmo.
E como o senhor se sente com relação a isso?
É uma decepção. A grande maioria dos juízes está totalmente desgostosa. Acha que a justiça penal virou efetivamente uma justiça que atende prontamente os ricos, para beneficiá-los. E atende prontamente também os pobres, mas para deixá-los na cadeia. Eu que já tenho 30 anos de magistratura, sendo 24 na Justiça Federal, chego no fim da minha vida funcional com uma grande decepção. Tremendamente decepcionado.
Há o que fazer pra virar esse jogo?
Hoje existe um envolvimento muito grande, eu diria promíscuo, entre crime organizado e administração pública. Em todos os poderes existe. Se há o que fazer? Para consertar eu acredito numa instituição chamada juventude. Não essa que está aí agora, mas as novas, que ainda virão. Aí depende da educação, tem que partir de uma conscientização de que a sociedade tem força pra exigir dos governantes, exigir leis mais pesadas. Caso contrário não muda nada.
O senhor declarou ser contra a legalização das drogas. Por quê?
O problema maior não é a parte penal, da punição. O problema é de saúde pública. Com a liberação, o comércio de drogas será bem maior. Aí também aumenta o consumo.
Mas os governos gastam valores absurdos no combate. Em caso de legalização essa verba não poderia ser revertida para a saúde, por exemplo?
Se o mundo fizesse isso seria um negócio muito malfeito. A exemplo do Brasil, o mundo não tem estrutura para curar seus viciados. Se o Brasil quiser internar hoje 2% dos seus viciados não terá leitos suficiente. Acho que o grande negócio é o mundo se voltar para o combate às drogas, lá na origem. Normalmente o combate é feito no país de consumo, quando você tem que combater na fonte. Quem é que encharca o mundo de drogas, principalmente de cocaína, com a conivência do Brasil? É a Colômbia. E quem combate a cocaína lá? Só os Estados Unidos.
O senhor considera hipocrisia descriminalizar o usuário e condenar a produção de droga?
É uma grande hipocrisia efetivamente. É a lei da oferta e da procura. A legislação brasileira com relação a isso é toda uma grande hipocrisia. Ela confunde o usuário ocasional com o viciado, mistura os dois. Ela aplica prestação de serviços à comunidade por cinco meses nos dois casos. Essa medida é de bom tamanho para o viciado, desde que com tratamento médico. Mas aquele usuário ocasional, que usa a droga para ir numa festa, tem que receber medidas mais duras. Ele conscientemente sustenta o tráfico.
O sr. já pensou em se candidatar a um cargo político?
Já fui convidado por diversos partidos para qualquer cargo que eu quisesse, menos o de presidente. Mas eu penso que teria que sofrer uma adaptação bem grande. O conceito que se tem de honestidade, de cumprimento de dever, é bem diferente no mundo político. Não quero dizer que todos os políticos são sebosos, safados, mas uma grande parte é. Então, se eu fosse algum dia político, só seria por um mandato. Porque se eu não entro no esquema não sou reeleito.
Recentemente os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiram não aplicar a lei da Ficha Limpa para a última eleição. O que o senhor achou?
Acho bem discutível. Todos eles têm razão, tanto quem votou contra como quem votou a favor. As duas interpretações têm fundamentos. Pela minha formação, eu votaria pela aplicação da Ficha Limpa. Eu consideraria como peso a sociedade. A angústia da sociedade.
Este ano houve um corte na verba da PF, o que prejudicaria o policiamento das fronteiras. Como o senhor vê o controle de fronteiras do Brasil?
É péssimo. Temos cerca de 16.000 km de fronteira seca. Com passagem a quem vai e a quem vem de maneira descontrolada. Você não vê policiais nessa fronteira. Vamos pegar como exemplo o Estado de Mato Grosso do Sul. Temos uma delegacia da polícia federal lá em Corumbá. Aí você vai andar uma eternidade pela fronteira até encontrar outra lá em Ponta Porã. Depois só em Naviraí. Matematicamente se prova que a fronteira está despolicializada.
Isso no Mato Grosso do Sul, uma das portas do tráfico. A fronteira mais complexa com relação ao tráfico de drogas e armas é a desse Estado. Não tem outra. O MS faz fronteira com dois países que são peças-chave nesse comércio: o Paraguai, que é o segundo produtor mundial de maconha e é um imenso corredor da cocaína; e a Bolívia, que é o terceiro produtor mundial de cocaína.
Com tantas ameaças, o senhor se sente prisioneiro?
Na realidade eu me sinto, porque ainda que ande com segurança não tenho aquela liberdade de frequentar qualquer ambiente. Eu fico mais em casa. Digamos que fico numa situação assim de preso no regime semi-aberto. Como é que eu vou à casa de um amigo com um monte de gente armada? As pessoas acham que é glamoroso, é status, mas na verdade é sempre um constrangimento.
Depois de tanto tempo de carreira, aos 62 anos, quando o senhor olha para trás acredita que valeu a pena ter perdido a liberdade?
Se eu contabilizar benefícios pessoais, não vale nada. O prejuízo foi imenso, incalculável. Só que juiz nenhum pode querer ser juiz pensando em benefícios pessoais. Ele já tem que entrar assumindo o risco de ter que passar pela privação. Mas, com relação ao benefício para a sociedade, compensou grandemente. Não me arrependo de nada e faria tudo de novo. Só que faria de maneira mais rigorosa ainda.

terça-feira, 15 de março de 2016

Polêmica: as macabras pesquisas nazistas contribuíram para a Ciência?

Os estudos com humanos – seja para o teste de novos medicamentos e vacinas, desenvolvimento de tratamentos e técnicas cirúrgicas ou para compreender melhor o funcionamento do organismo, por exemplo – são controlados por um sem fim de normas rígidas e protocolos. Tudo isso não só assegura a segurança e a integridade dos participantes, como garante que os experimentos sejam conduzidos de maneira científica e ética.Ademais, dessa forma, os dados podem ser coletados de acordo com uma metodologia específica que permite que os resultados possam ser analisados detalhadamente e replicados por outros pesquisadores. Pois, durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas aproveitaram a gigantesca disponibilidade de prisioneiros nos campos de concentração e optaram por ignorar as normas de conduta e conduzir toda classe de barbaridade em nome da Ciência.
Órgãos humanos removidos de prisioneiros dos campos de concentração nazistasOs nazistas realizaram experimentos nas áreas de resistência humana, fertilidade, medicina do campo de batalha, técnicas cirúrgicas, eugenia e uso de medicamentos, entre outros, mas, será que seus estudos macabros realmente contribuíram de alguma forma para a medicina moderna? Primeiro, vamos às pesquisas mais representativas:

1 – Estudos em hipotermia

Um dos estudos, conduzido em Dachau pelo médico nazista Sigmund Rascher, envolveu a participação de cerca de 300 prisioneiros que foram colocados — alguns nus e outros vestidos com os uniformes dos pilotos alemães — em água gelada durante períodos que variavam entre 2 e 5 horas para simular as condições do Mar do Norte quando os aviadores da Luftwaffe eram abatidos por lá.
O médico media a temperatura dos participantes inserindo termômetros em seus retos, e anotava todas as variações e reações físicas cuidadosamente em tabelas detalhadas. Os experimentos foram repetidos centenas de vezes e Rascher empregou diversos métodos para reaquecer as vítimas de hipotermia com o propósito de descobrir qual era o mais eficaz.
Rascher concluiu, por exemplo, que o ato sexual trazia melhores resultados do que a hidrocolonterapia — ou introdução de líquidos pelo ânus — com substâncias quentes. A maioria dos prisioneiros morreu durante o estudo.

2 – Resistência à pressão

Outro experimento conduzido em Dachau tinha como objetivo compreender os efeitos da exposição a condições de grandes altitudes e baixa pressão, já que os pilotos de teste da Luftwaffe estavam voando mais alto do que nunca.
Assim, para testar os efeitos da baixa pressão, os nazistas penduravam os prisioneiros em equipamentos de paraquedismo e os fechavam no interior de câmaras isobáricas. Cerca de 200 pessoas participaram dos experimentos e, enquanto muitas foram lacradas acordadas, outras tantas foram colocadas nos tanques de pressão inconscientes para simular as condições nas quais os pilotos desmaiavam em pleno voo.
Diversos prisioneiros chegaram a cravar as unhas em seus rostos e a mastigar os lábios e línguas conforme mais ar comprimido era sendo forçado no interior das câmaras, e alguns deles tiveram seus cérebros examinados enquanto eles ainda permaneciam vivos. Em realidade, de todos os participantes nos experimentos, apenas 8 morreram durante os testes — mas todos foram executados ao final dos estudos.

3 – Desidratação

Também conduzido em Dachau, o estudo sobre desidratação envolveu a participação de 90 ciganos — que foram isolados em uma área restrita e proibidos de beber água potável. O médico responsável pelos experimentos se chamava Hans Eppinger, e o objetivo era o de descobrir quantos dias um marinheiro nazista poderia sobreviver em alto-mar consumindo apenas água salgada.
Poucos dias após o início dos testes, depois de o piso ser limpo por outros prisioneiros, os participantes foram vistos lambendo o chão em uma tentativa desesperada de absorver alguma umidade. Além disso, Eppinger também observou que a morte por desidratação se assemelha à rápida falência renal, e que os participantes não eram capazes de sobreviver por 12 dias apenas consumindo água salgada — algo totalmente previsível.

4 – Eficiência de medicamentos

O campo de concentração de Ravensbruck serviu de palco para testes com as sulfonamidas, um tipo de antibiótico que, na década de 40, ainda era pouco conhecido. Então, para entender melhor sua ação e efeitos colaterais, os médicos nazistas abriam enormes cortes nos corpos dos prisioneiros e esfregavam pó de serra, vidro moído ou qualquer material contaminado nas feridas abertas.
Como se fosse pouco, os oficiais estancavam vasos sanguíneos — ou simplesmente os cortavam — para simular quadros de gangrena, e evitavam que os machucados cicatrizassem. Os prisioneiros tinham uma ferida tratada com os antibióticos e, então, eram submetidos a mais uma sessão de testes, e assim sucessivamente até que faleciam e seus corpos eram dissecados para que os médicos pudessem estudar a ação dos medicamentos.
Os nazistas também realizaram testes com novos remédios e vacinas contra a malária, tuberculose e febre tifoide — nos quais milhares de pessoas foram infectadas com as doenças acabaram morrendo. Os oficiais também costumavam envenenar os prisioneiros e testar projéteis cobertos com substâncias tóxicas para descobrir seu grau de mortalidade.

5 – Fertilidade

Não é segredo que Joseph Mengele, de quem já falamos aqui no Mega Curioso, tinha um interesse especial por gêmeos — e ele realizou experimentos nos quais infectava um dos irmãos e matava o outro em seguida para poder realizar as necropsias ao mesmo tempo, e costurava as duplas para criar “siameses”.
Mas o “Anjo da Morte” também liderou um projeto que visava aumentar o número de nascimentos múltiplos entre arianos, e ainda fez pesquisas com o objetivo de desenvolver métodos de esterilização em massa. Assim, os nazistas submetiam prisioneiros dos campos de concentração a cirurgias para remoção de úteros e ovários, vasectomias e castrações — tudo sem anestesia — ou os expunham altas doses de radiação para torná-los estéreis.
Além dessas técnicas, muitas mulheres receberam injeções de compostos que provocavam fortes sangramentos vaginais e o câncer de colo de útero, além da esterilização, e hoje os cientistas acreditam que as prisioneiras podem ter sido injetadas com nitrato de prata ou iodo.

6 – Cirurgia e trauma

Os médicos nazistas usaram os prisioneiros dos campos de concentração para conduzir pesquisas em cirurgia e trauma, e fizeram diversas tentativas de realizar transplantes — de órgãos, ossos, membros, nervos e músculos — entre “pacientes” aleatórios, e também submeteram os coitados a queimaduras para testar novos tratamentos e técnicas relacionadas com enxertos de tecidos.

Veredito

Evidentemente, os estudos realizados pelos nazistas são vistos atualmente como incrivelmente antiéticos e atrozes. E, embora os oficiais tenham conduzido experimentos em todas as áreas que descrevemos acima, poucos médicos seguiram metodologias científicas e boa parte das notas tomadas não fazem o menor sentido.
Isso significa que os resultados da grande maioria dos experimentos são considerados inúteis e cientificamente duvidosos, sem falar que muitos dos estudos simplesmente replicam testes que já haviam sido realizados anteriormente. Além disso, nenhuma das pesquisas que foram realizadas nos campos de concentração pode ser repetida por outros cientistas — por razões óbvias —, portanto, é impossível verificar a validade dos experimentos nazistas.
O único trabalho da época que — apesar dos pesares e de muita polêmica — teve alguma serventia foi o estudo sobre hipotermia realizado em Dachau. Os experimentos foram citados por dezenas de cientistas e são considerados como uma das pesquisas mais detalhadas sobre os estágios finais de hipotermia em seres humanos.
Estudo sobre hipotermia
O estudo foi usado na criação de roupas de sobrevivência para barcos pesqueiros que navegam por águas geladas e no desenvolvimento de técnicas de salvamento de vítimas de hipotermia. No entanto, todos os demais experimentos torturantes não têm praticamente nenhum valor científico, o que significa que milhares de inocentes foram torturados, sofreram atrocidades inimagináveis e perderam suas vidas por nada.

Delcídio diz que Aécio maquiou dados do mensalão e recebeu propina de Furnas.

Em delação, senador petista diz que tucano estava preocupado com quebra de sigilos do Banco Rural
BRASÍLIA - O senador Delcídio Amaral (PT-MS) acusou o presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), de receber pagamentos ilícitos de Furnas e de ter atuado para maquiar dados do Banco Rural obtidos pela CPI dos Correios. Isso porque a quebra dos sigilos da instituição financeira, envolvida no escândalo do mensalão, comprometeria vários políticos tucanos, entre eles o próprio Aécio. Delcídio diz, inclusive, que a operação teve participação do atual prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), na época deputado pelo PSDB e integrante da CPI, que funcionou de 2005 a 2006 e era presidida por Delcídio. As informações fazem parte do acordo de delação premiada homologado pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em depoimento prestado em 14 de fevereiro, quando ainda estava preso, Delcídio relatou que, durante a CPI dos Correios, houve incômodo por parte do PSDB em relação à quebra dos sigilos do Banco Rural. "Aécio Neves enviou emissários para que o prazo de entrega das quebras de sigilo fossem delongados, com a justificativa 'entre aspas' de que não haveria tempo hábil para preparar essas respostas; que, um desses emissários foi o então secretário-geral do PSDB Eduardo Paes", diz trecho do termo de colaboração de Aécio. Delcídio disse ter sido convencido, achando que o pedido era razoável, mas depois percebeu que fora enganado. "Foi com surpresa que o declarante percebeu, a receber as respostas, que o tempo fora utilizado para maquiar os dados que recebera do Banco Rural", diz parte do termo.
Em outro trecho, o termo de colaboração anota que Delcídio "ficou sabendo que os dados eram maquiados porque isso lhe fora relatado por Eduardo Paes e o próprio Aécio Neves" e que "os dados atingiriam em cheio as pessoas de Aécio Neves e Clésio Andrade, governador e vice-governador de Minas Gerais". Delcídio relata que se encontrou com o próprio Aécio no Palácio do governo de Minas Gerais, em Belo Horizonte, ocasião em que trataram do tema. Após a reunião, o senador diz que Aécio cedeu o avião do governo mineiro para que ele fosse ao Rio de Janeiro. Na cidade, Delcídio disse ter ouvido do deputado José Janene (PP-PR), que viria a falecer em 2010, que Aécio era "beneficiario de uma fundação sediada em um paraíso fiscal, da qual ele seria dono ou controlador de fato". Tal fundação seria sediada em Liechtenstein, na Europa, e poderia estar no nome de Aécio ou da mãe dele.
O mensalão - um esquema de desvio de dinheiro público e compra de apoio parlamentar durante o primeiro mandato do governo Lula - teve sua origem na gestão do tucano Eduardo Azeredo como governador de Minas Gerais (1995-1998). Por isso, diz Delcídio, os dados do Banco Rural compremeteriam Aécio. Apesar de ter descoberto a fraude, Delcídio não fez nada e, segundo suas próprias palavras, "segurou a bronca". O parlamentar afirmou ainda que outros parlamentares, como o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), sabiam da maquiagem dos dados. Delcídio disse não saber se os donos do Rural tinham participado da maquiagem, mas declarou que eles sabiam que isso tinha ocorrido.
Em outro depoimento, prestado em 12 de fevereiro, Delcídio afirmou que Aécio recebeu "sem dúvida" pagamentos ilícitos de Furnas, empresa estatal do setor elétrico que faz parte do sistema Eletrobrás. Segundo ele, Aécio possui vínculo “muito forte” com Dimas Toledo, ex-diretor de Engenharia de Furnas.
"Questionado ao depoente quem teria recebido valores de Furnas, o depoente disse que não sabe precisar, mas sabe que Dimas operacionalizava pagamentos e um dos beneficiários dos valores ilícitos sem dúvida foi Aécio Neves, assim como também o PP, através de José Janene; que também o próprio PT recebeu valores, mas não sabe ao certo quem os recebia e de que forma", diz trecho o termo de colaboração de Delcído.

ESQUEMA DE FURNAS

O esquema em Furnas, segundo ele, "funcionava de maneira bastante 'azeitada' e de maneira bastante competente". Dimas Toledo foi diretor de engenharia de Furnas, cargo que, segundo Delcídio, era "joia da coroa" da Eletrobras, uma vez que era usada sistematicamente para repassar valores a partidos, como PSDB, PP e PT. Segundo o termo de colaboração do senador, "não há dúvidas que Furnas foi usada sistematicamente para repassar valores para partidos" e que "o que se vê hoje na Petrobras ocorreu sem dúvida em Furnas em vários governos, e talvez a figura mais emblemática neste sentido seja o próprio Dimas, que passou muitos anos na diretoria, tendo grande longevidade".

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Delcídio relata um diálogo que teve com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 6 de maio de 2005. Segundo o senador, Lula perguntou quem era Dimas Toledo. Delcídio respondeu que era um companheiro do setor elétrico bastante competente. Lula então disse: "Eu assumi e o Janene veio pedir pelo Dimas. Depois veio o Aécio e pediu por ele. Agora o PT, que era contra, está a favor. Pelo jeito ele está roubando muito!". De acordo com Delcídio, Lula disse isso porque seria necessário muito dinheiro para fazer pagamentos a três partidos importantes.

O senador também fez comentários sobre a lista de Furnas, divulgada na época da CPI dos Correios, que investigou o mensalão. A lista teria sido falsificada, uma vez que ele não acredita que o próprio Dimas a teria assinado. Mas afirmou que o conteúdo, embora pudesse ser exagerado, tinha informações verídicas. A lista trazia lista de repasses a vários políticos.

DILMA

Em sua delação, Delcídio compromete a presidente Dilma Rousseff. Mas em relação a Furnas, o senador diz que ela sanou a estatal. Segundo ele, Furnas tinha tantas irregularidades - "a coisa passou da conta", nas suas palavas - que Dilma teve fazer praticamente uma intervenção. A atual diretoria, diz Delcídio, é técnica e de confiança e Dilma.

"Questionado até quando durou o esquema de ilegalidades de Furnas, respondeu que até uns quatro anos atrás, quando Dilma mudou a diretoria, ou seja, até a penúltima diretoria", diz trecho do termo de colaboração do senador.

OUTRO LADO

Aécio Neves negou as acusações, tanto em Furnas quanto no mensalão.

- Nunca indiquei (Dimas Toledo). É um absurdo essas declarações sempre de ouvir falar. Essas denúncias sobre Furnas fazem parte de novo da velha e requentada tentativa de nos envolver. Essa denúncia, sempre a partir de terceiros, já foi arquivada pelo Ministério Público - afirmou Aécio.

- Jamais tive qualquer contato com o Delcídio , seja em relação a CPI ou outra questão que não fosse congressual ou republicana. Cabe a ele provar essas graves acusações que faz, e que tem o objetivo de desviar o foco central dessa grave crise. São declarações absurdas e irresponsáveis. Eu desconheço qualquer assunto do Banco Rural que pudesse ser de interesse do meu governo. Ele (Delcídio) vai ter que provar - acrescentou.

O prefeito Eduardo Paes, por meio de sua assessoria de imprensa, negou que tenha sido procurado por Aécio Neves à época da CPI dos Correios para pedir a postergação da quebra de sigilo bancário ou por qualquer representante do Banco Rural para tratar do assunto.

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"Ele desconhece que tenha havido maquiagem em quaisquer dados, mesmo porque o trabalho de investigação fora acompanhado por técnicos do Tribunal de Contas da União e do Banco Central. De qualquer maneira, quem deve esclarecimentos sobre eventuais contas no Banco Rural é o Senador Aécio Neves. Paes reitera que tem muito orgulho de ter participado da CPI dos Correios com sub-relator e ter ajudado, com as investigações e fatos apurados, a denunciar esquema de desvio de dinheiro público", diz a nota.

Confira a íntegra da nota do senador Aécio Neves (PSDB-MG):

O senador Delcídio do Amaral citou o nome do senador Aécio Neves em três circunstâncias, todas elas falsas:

São citações mentirosas que não se sustentam na realidade e se referem apenas a “ouvir dizer” de terceiros.

1 – Delcídio do Amaral se refere a uma fundação que a mãe do senador planejou criar no exterior. Trata-se de assunto requentado já amplamente divulgado nas redes petistas na internet e, inclusive, já investigado e arquivado pela Justiça e pelo Ministério Público Federal há vários anos.

O assunto em questão foi devidamente analisado e arquivado, há mais de cinco anos, em 2010, após a Justiça Federal e o MPF do Rio de Janeiro constatarem a inexistência de qualquer irregularidade. Não houve sequer abertura de ação penal.

Ano passado, membros do PT reuniram material divulgado na internet e voltaram a apresentar a mesma falsa denúncia à Procuradoria Geral da República. Após o fornecimento das informações, o assunto foi novamente arquivado. Desta vez pela PGR, mais uma vez constada a inexistência de qualquer irregularidade.

Em 2001, a mãe do senador Aécio Neves cogitou vender alguns imóveis e aplicar os recursos no exterior. No entanto, o projeto foi suspenso em função da doença do marido dela e a fundação não chegou a ser implementada de fato.

Para o projeto, ela buscou a assessoria de um profissional que havia sido durante anos representante oficial de instituição financeira internacional, legalmente constituída no Brasil, sr. Norbert Muller. À época do contato, não existia qualquer razão para se duvidar da idoneidade profissional do representante.

Durante os seis anos em que o projeto ficou em suspenso (período entre assinatura dos primeiros documentos e o cancelamento definitivo do projeto, em 2007, em função do agravamento do estado de saúde de seu marido), a responsável fez dois pagamentos, em moeda nacional, e no Brasil, ao sr. Muller, referentes a despesas cobradas por ele. Esses valores corresponderam a uma média anual de cerca de 5 mil dólares.

Esses valores foram transferidos pelo representante para uma conta e corresponderam à totalidade dos depósitos realizados que foram integralmente consumidos em pagamentos de taxas e honorários. A conta nunca foi movimentada.

A criação da fundação foi devidamente declarada no Imposto de Renda da titular.

2 - Sobre a menção ao nome do senador Aécio com relação a Furnas, Delcídio repete o que vem sendo amplamente disseminado há anos pelo PT que tenta criar falsas acusações envolvendo nomes da oposição.

É curioso observar a contradição na fala do delator já que ao mesmo tempo em que ele diz que a lista de Furnas é falsa, ele afirma que houve recursos destinados a políticos.

3 – O delator relaciona o nome do senador Aécio ao Banco Rural no contexto da CPMI dos Correios. O senador jamais tratou com o delator Delcídio de nenhum assunto referente à CPMI dos Correios. Também jamais pediu a ninguém que o fizesse.

Nunca manteve qualquer relação com o Banco Rural, teve conta corrente na instituição ou solicitou empréstimos.

É fácil demonstrar que o PSDB não atuou na CPMI dos Correios com o objetivo de proteger ninguém. Pelo contrário, pode ser comprovado o posicionamento do PSDB na CPMI em favor do aprofundamento das investigações de todas as denúncias feitas durante os trabalhos da Comissão, incluindo aquelas relacionadas a nomes de integrantes do partido.

Segue anexa cópia da nota divulgada à época sobre o relatório final dos trabalhos da CPMI dos Correios, no qual é sugerido o indiciamento de integrantes do PSDB envolvidos.

Por fim, e ainda sobre esse assunto, é fácil demonstrar que Delcídio do Amaral não está falando a verdade. Ele diz que foi a Minas tratar com o então governador Aécio de assunto referente à CPMI. É mentira. O relatório final da CPMI data de abril de 2006 e a viagem de Delcídio a Minas ocorreu dois meses depois, no dia 7 de junho de 2006. O que demonstra que ele não poderia ter tratado de assunto da CPMI já encerrada. Na verdade, o encontro ocorrido foi a pedido dele para tratar do apoio partidário a seu nome nas eleições estaduais, em 2006, quando ele pretendia ser candidato no Mato Grosso do Sul.


Post Original
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/brasil/delcidio-diz-que-aecio-maquiou-dados-do-mensalao-recebeu-propina-de-furnas-18880208#ixzz430CPY7D5 
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Mistério do Triângulo das Bermudas pode finalmente ter sido resolvido

Durante séculos, o medo da região do Triângulo das Bermudas atingiu corações de marinheiros e pilotos e provocou confusão entre os cientistas.

Mas, agora, o mistério que já derrubou tantos aviões e afundou inúmeros navios pode ter chegado ao fim. 
Pelo menos é nisso que acreditam alguns cientistas, de acordo com o jornal Daily Mail. Eles alegam que a fonte de todo o enigma estaria em uma série de crateras encontradas ao longo da costa da Noruega. Sim, estamos falando do  país nórdico que fica bem longe do Triângulo das Bermudas!

Os pesquisadores acharam crateras de 800 metros de largura e 45,7m de profundidade no Mar de Barents que eles afirma ser edificações de metano que explodem no subsolo marinho.O grupo de cientistas especula que isso também aconteça no Triângulo das Bermudas, uma região definida na parte ocidental do Oceano Atlântico Norte, aproximadamente entre a Flórida, Bermudas e Porto Rico.
Pesquisadores da Universidade do Ártico da Noruega disseram ao Sunday Times:
"Existem várias crateras gigantes no fundo do mar em uma área no centro-oeste do Mar de Barents e são, provavelmente, a causa de enormes explosões de gás. A área da cratera provavelmente representa um dos maiores pontos rasos de liberação de metano marinho no Ártico."
Os cientistas acrescentam que as explosões fazem as crateras abrirem e são um risco potencial para navios que viajam pelo Mar de Barents.
Essa teoria tem sido especulada há um tempo entre alguns especialistas sobre o que aconteceria no Triângulo das Bermudas, e, com esta nova evidência em outra área, poderia servir para fundamentar essas suspeitas.
Os cientistas agora estão pesquisando para saber se o estouro dessas bolhas é suficiente para afundar navios. As conclusão serão apresentadas no próximo mês.

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