Em muitas rodas de conversa e, principalmente, fóruns da internet, as
teorias da conspiração são alguns dos assuntos mais comentados pelas
pessoas, que desfiam suas opiniões sobre os mais diversos mistérios e
acontecimentos.
Muitas delas são falsas e comprovadas como tal. No entanto, existiram
algumas que acabaram por, no fim, serem de verdade e não apenas
imaginação ou mesmo mentira que partiu de uma pessoa ou grupo. Confira
abaixo algumas delas:
1 – O incidente do Golfo de Tonkin
A teoria da conspiração: o incidente do Golfo de
Tonkin, o motivo que levou ao envolvimento dos Estados Unidos na Guerra
do Vietnã, nunca realmente ocorreu.
É isso mesmo. O incidente envolveu o destroier (um tipo de navio de
defesa e espionagem) norte-americano USS Maddox, que teria sido
supostamente atacado por três torpedeiros da marinha norte-vietnamita,
respondendo ao fogo com a ajuda de aviões da força tarefa a que ele
pertencia.
Prontamente, o Presidente dos Estados Unidos, Lyndon B. Johnson,
elaborou a Resolução do Golfo de Tonkin, que se tornou a justificação
legal (e o pretexto perfeito) de seu governo para entrar definitivamente
na guerra do Vietnã. O problema é que o evento nunca de fato aconteceu.
O governo vietnamita assegurou que não houve ataque. Tanto que, em
2005, documentos secretos da Agência de Segurança Nacional (NSA)
norte-americana foram revelados, divulgando o fato de que a presença dos
torpedeiros norte-vietnamitas nos ataques nunca foi realmente
confirmada.
Mas, então, o USS Maddox atirou em que? Curiosamente, em 1965, o
presidente Johnson comentou: "pelo que eu saiba, a nossa Marinha estava
atirando em baleias por lá".
Vale destacar que o próprio historiador da NSA, Robert J. Hanyok,
escreveu um relatório afirmando que a agência tinha deliberadamente
distorcido os relatórios de inteligência em 1964. Ele também declarou:
“Os paralelos entre a inteligência defeituosa no golfo de Tonkin e a
inteligência manipulada usada para justificar a Guerra do Iraque tornam
ainda mais interessante a reexaminar os acontecimentos de Agosto de
1964".
2 – O experimento da sífilis Tuskegee
A teoria da conspiração: entre 1932 e 1972, o
Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos realizou um estudo clínico
em homens afro-americanos rurais que tinham contraído sífilis. O serviço
nunca informou esses homens que tinham uma doença sexualmente
transmissível, nem mesmo ofereceram o tratamento, mesmo depois de a
penicilina tornar-se disponível como uma cura na década de 1940.
Infelizmente, é verdade. Ao invés de receber tratamento, os sujeitos
desses estudos foram informados de que tinham "sangue ruim". Quando a
Segunda Guerra Mundial começou, 250 dos homens registrados para o
projeto (e apenas esses) foram informados pela primeira vez que eles
tinham sífilis. Mesmo assim, o serviço negou-lhes o tratamento.
No início da década de 1970, 128 dos originais 399 homens já tinham
morrido em decorrência das complicações relacionadas com a doença,
enquanto 40 de suas esposas também tinham a condição e 19 de seus filhos
nasceram com sífilis congênita.
Um experimento semelhante, realizado em prisioneiros, soldados e
pacientes de um hospital psiquiátrico na Guatemala, infectou os
indivíduos e os tratou com antibióticos.
3 – Projeto MK Ultra
A teoria da conspiração: a CIA (A Agência Central de
Inteligência) executou experimentos secretos de controle mental sobre
cidadãos norte-americanos da década de 1950 até 1973.
Sim, isso aconteceu, sendo que foi tão verdade que, em 1995, o
presidente Clinton realmente emitiu um pedido formal de desculpas em
nome do governo dos Estados Unidos.
Essencialmente, a CIA usou drogas, eletrônicos, hipnose, privação
sensorial, abuso verbal e sexual, e tortura para conduzir experimentos
de engenharia comportamental experimentais. O programa dividiu centenas
desses projetos em mais de 80 diferentes instituições, incluindo
universidades, hospitais, prisões e empresas farmacêuticas.
A maior parte foi descoberta em 1977, quando a Lei de Liberdade de
Informação expôs 20 mil documentos previamente classificados e
desencadeou uma série de audiências no Senado. Como o diretor da CIA,
Richard Helms, destruiu a maioria dos arquivos mais contundentes do MK
Ultra em 1973, grande parte do que realmente ocorreu durante esses
experimentos ainda é desconhecida e, obviamente, nem uma única pessoa
foi levada à justiça.
A título de curiosidade, há uma crescente evidência de que Theodore
Kaczynski, conhecido como Unabomber, foi um indivíduo que participou do
projeto MK Ultra enquanto estava na Universidade de Harvard na década de
1950 e 1960.
Além disso, qualquer referência do MK Ultra com a “Ultraviolência”
citada no filme Laranja Mecânica, dirigido Stanley Kubrick (da adaptação
do livro de Anthony Burgess), além dos esquemas de tortura de Alex,
talvez não seja mera coincidência.
Anthony Burgess trabalhou para a inteligência britânica e, de acordo
com um biógrafo, ele testemunhou os experimentos do MK Ultra, enchendo o
seu livro com algumas pinceladas sobre o projeto.
4 – Operação Northwoods
A teoria da conspiração: a Joint Chiefs of Staff dos
militares dos Estados Unidos elaborou e aprovou planos para a criação
de atos de terrorismo em solo norte-americano, a fim de influenciar a
opinião pública nacional em apoiar uma guerra contra Cuba.
É verdade e os documentos que comprovam
a teoria existem. Felizmente, o presidente Kennedy rejeitou o plano
maligno, que incluía: americanos inocentes sendo mortos a tiros nas
ruas, barcos com refugiados de Cuba sendo afundados em alto mar, uma
onda de terrorismo violento que seria lançado em Washington, Miami, e em
outros lugares, pessoas sendo acusadas de atentados que não cometeram e
aviões sendo sequestrados.
Além disso, a Joint Chiefs of Staff, liderada pelo presidente Lyman
Lemnitzer, planejava fabricar provas que implicaria Fidel Castro e
refugiados cubanos em estarem por trás dos ataques.
Talvez uma das “metas” mais assustadoras foi a que Lemnitzer planejou
um incidente “minuciosamente encenado” em que um avião cubano iria
atacar e abater um avião cheio de estudantes universitários
norte-americanos.
5 – Tráfico de drogas da CIA em Los Angeles
A teoria da conspiração: durante os anos 1980, a CIA
facilitou a venda de cocaína para gangues de rua de Los Angeles e
canalizou milhões em lucros do tráfico a um exército de guerrilha da
América Latina.
É complicado e complexo, mas é verdade. O livro de Gary Webb Dark Alliance: The CIA, the Contras, and the Crack Cocaine Explosion
descreve como os “Contras” — grupos de oposição ao governo da Frente
Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) na Nicarágua, que surgiram a
partir de 1979 —, apoiados pela CIA contrabandearam cocaína para os
Estados Unidos e, em seguida, distribuíram crack para gangues de Los
Angeles, embolsando os lucros.
A CIA ajudou diretamente os traficantes de drogas a arrecadar
dinheiro para os Contras em troca de informações. Segundo o que Gary
Weeb escreveu em um artigo de 1996, “essa rede de drogas abriu também
espaço para os cartéis da Colômbia e os bairros negros de Los Angeles”.
Vale destacar que, em 10 de dezembro de 2004, Webb se suicidou em
circunstâncias suspeitas, pois foram usadas duas balas para atirar na
própria cabeça. Tenso!
6 – Operação Mockingbird
A teoria da conspiração: no final de 1940, quando a
Guerra Fria estava começando a se desenvolver, a CIA lançou um projeto
secreto chamado Operação Mockingbird. Seu objetivo era comprar
influência e controle entre os principais meios de comunicação.
De fato, eles também planejavam colocar jornalistas e repórteres
diretamente na folha de pagamento da CIA, o que alguns afirmam estar em
curso até hoje. Os arquitetos deste plano foram Frank Wisner, Allen
Dulles, Richard Helms e Philip Graham (editor do The Washington Post),
que planejavam se alistar organizações de notícias americanas para se
tornar basicamente espiões e propagandistas.
Sua lista de agentes acabou por incluir jornalistas nas grandes redes
ABC, NBC, CBS, Time, Newsweek, Associated Press, United Press
International (UPI), Reuters, Hearst Newspapers, Scripps-Howard, Copley
News Service, entre outras. Na década de 1950, a CIA havia se infiltrado
nas empresas de mídia e universidades, com dezenas de milhares de
agentes de plantão.
7 – COINTELPRO
A teoria da conspiração: um programa do FBI foi
realizado para desestabilizar grupos de protestos, de esquerda,
ativistas e dissidentes políticos dentro dos Estados Unidos.
Verdade. A COINTELPRO foi uma série de projetos clandestinos, ilegais
do FBI, que se infiltraram em organizações políticas nacionais para
desacreditá-las e difamá-las. Isto incluiu os críticos da guerra do
Vietnã, líderes dos direitos civis como o Dr. Martin Luther King e
grande variedade de ativistas e jornalistas.
Os atos cometidos contra eles incluíram guerra psicológica, calúnia
usando documentos falsos e falsos relatos na mídia, assédio, prisão
ilegal e, segundo alguns, a intimidação e, possivelmente, violência e
assassinato. Táticas semelhantes e, possivelmente, mais sofisticadas são
usadas ainda hoje, incluindo o monitoramento da NSA.
8 – Operação Branca de Neve
A teoria da conspiração: durante os anos 1970, a
Igreja da Cientologia roubou os arquivos confidenciais do governo sobre
eles e sobre o seu fundador (L. Ron Hubbard ) para limpar registros
desfavoráveis em dezenas de agências governamentais. Essa ação criminosa
foi chamada de Operação Branca de Neve.
De fato, aconteceu. Este projeto incluiu uma série de infiltrações e
furtos de 136 agências governamentais, embaixadas e consulados
estrangeiros, bem como as organizações privadas da Cientologia, que
foram realizadas em mais de 30 países.
Foi a maior infiltração no governo dos Estados Unidos na História,
envolvendo até cinco mil agentes secretos, que eram membros da igreja,
funcionários públicos corruptos ou chantageados e investigadores
particulares.
Onze executivos da Igreja altamente colocados, incluindo Mary Sue
Hubbard (esposa do fundador), declararam-se culpados ou foram condenados
em um tribunal federal por obstrução da justiça, roubo de escritórios,
de documentos e de propriedades do governo.
9 – Espionagem do governo dos EUA em seus próprios cidadãos
A teoria da conspiração: o governo americano espiona toda a sua população.
Esse tipo de informação costumava ser ridicularizado como uma
fantasia derivada de imaginação fértil e uma desconfiança juvenil do
governo. Porém, mesmo depois de ter sido revelado que a NSA (Agência de
Segurança Nacional) tem feito escutas ilegais em grande parte dos
norte-americanos, coletando ainda dados de celular por mais de uma
década, as pessoas tentam se enganar que isso não acontece.
Sim, eles analisam tudo isso (além de dados transmitidos pela
internet), mas é sob a “égide da segurança nacional”. Usando os
acontecimentos de 11 de setembro de 2001 como desculpas, eles afirmam
que certas liberdades devem ser sacrificadas em prol da segurança.
Certo?
Não só não existe nenhuma evidência de que a NSA tem protegido a
população contra o terrorismo, como há cada vez mais evidências de que
ela a torna mais vulnerável.
Graças às revelações sobre a NSA e seu projeto Prism (de vigilância
global, que foi revelado pelos documentos de Edward Snowden), sabemos
que o âmbito da espionagem da NSA vai além do que muitos teóricos da
conspiração originalmente acreditavam.
No início de junho de 2014, o The Washington Post relatou que quase
90% dos dados que estão sendo coletados pelos programas de vigilância da
NSA são de usuários de Internet sem conexão com atividades terroristas.
De acordo com a American Civil Liberties Union, esta é uma clara
violação da Constituição. Nessa coisa toda, até o Brasil entrou na
dança, tendo milhares de usuários espionados, incluindo a presidente
Dilma.
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