Bilhete deixado para empregada coloca em
dúvida hipótese de suicídio. Presidente Cristina Kirchner volta a
comentar morte de Alberto Nisman no Facebook
BUENOS AIRES — A promotora argentina Viviana Fein, que investiga a causa
da morte de Alberto Nisman, afirmou nesta terça-feira que não foram
encontrados vestígios de pólvora nas mãos do promotor que denunciou a
presidente Cristina Kirchner, segundo o jornal argentino “La Nación”. A
partir desta terça-feira, o caso ficará a cargo da juíza Fabiana Emma
Palmaghini.
Viviana Fein explicou que a autópsia indicava que o promotor teria se
matado, porque não houve “intervenção de terceiros”, mas ela não
descartou a possibilidade de suicídio induzido.
Outro dado que coloca em dúvida a hipótese de suicídio foi a
descoberta de um bilhete escrito por Nisman para a empregada com a lista
de compras que ela deveria fazer na segunda-feira.
De acordo com relatos preliminares, o promotor deu um tiro na cabeça
com uma pistola calibre 22, horas antes de apresentar no Congresso
detalhes sobre sua investigação, na qual acusa Cristina de acobertar a
participação de iranianos no atentado contra a sede da Associação Mutual
Israelita Argentina (AMIA) em 1994.
O chefe do Gabinete argentino, Jorge Capitanich, pediu nesta
terça-feira para investigar se houve “pressão ou extorsão” na morte de
Nisman.
— É absolutamente imprescindível fazer várias perguntas: por que no
sábado (o promotor) pediu uma arma. Se sofria pressão, se sofria algum
tipo de ameaça. Se as ameaças vinham de agentes de inteligência ou de
estrangeiros. Por que interrompeu uma viagem.
Nesta terça-feira, a presidente voltou a comentar no Facebook a morte
do promotor. Em sua página oficial, ela repetiu a frase publicada no
dia anterior, na qual dizia que a denúncia de Nisman contra ela buscava
“desviar, mentir, encobrir e confundir”.
Manifestantes atenderam à convocação das redes sociais e saíram às
ruas na segunda-feira nas províncias de Beunos Aires, Tucumán, Mendoza,
Rosario, Salta e Córdoba para exigir esclarecimentos sobre a morte do
promotor e expressar consternação com um dos episódios de maior
gravidade institucional ocorridos na última década na Argentina.
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