Em todos os bares do mundo torcedores de futebol, irritados pela contínua corrupção da Fifa, gritam “A Fifa é uma máfia!”
Mas máfia? Agora eles foram longe demais, não?
Não. Confie nos torcedores. Eles fazem um bom julgamento. Quando a
presidente Dilma recebe os líderes do futebol mundial ela está acolhendo
uma gangue que preenche todos os requisitos na definição acadêmica do
que vem a ser um Sindicato do Crime Organizado.
1. A máfia
Olhe para o mundo do presidente Blatter: um chefe poderoso,
compromissado com o próprio enriquecimento através de atividades
criminosas que envolvem corrupção e propinas no fechamento de contratos.
E ainda há a manipulação de resultados das partidas e a extorsão de
bilhões de dólares de governos ingênuos – como o do Brasil.
Essa família criminosa tem até mesmo tribunais privados da Fifa e um
sistema de disciplina que não pode ser contestado nos tribunais civis. E
tem a cultura omertà, um código de honra e silêncio – você já ouviu algum funcionário da Fifa denunciado seus chefes?
Você já ouviu falar das Cinco Famílias de Nova Iorque, que dominavam a
máfia italiana nos EUA sob um poderoso chefão? Pois a Fifa tem seis
“famílias”. São as confederações que dominam cada continente: a Conmebol
na América Latina, a Concacaf no Caribe, América do Norte e Central, a
Uefa na Europa, a AFC na Ásia, A CAF na África e a OFC na Oceania.
Como os mafiosos de Nova Iorque, cada grupo é semi-autônomo e comanda
seu próprio crime organizado, mas todos devem uma fidelidade suprema
ao Capo di tutti i capi em Zurique.
Sempre me perguntam: “Depois de você ter exposto tanta corrupção na Fifa, como o Blatter ainda está no poder?”
Aqui vai a resposta. Não importa o que os torcedores, a mídia ou os
políticos pensem ou digam sobre esses impostores, Blatter é intocável.
A Fifa é o conjunto de 209 associações nacionais. Elas, e ninguém
mais, têm o poder de voto nos congressos da Fifa. A máquina de Blatter é
lubrificada por doações para “desenvolvimento” de milhões de dólares
para essas associações, que não são auditados, e pelo enorme comércio
clandestino dos preciosos ingressos da Copa do Mundo, que vão parar
debaixo do tapete.
O presidente Blatter se refere à sua “família do futebol”. Vamos corrigir isso: é a Família do Futebol do Crime Organizado.
Mas o que sabemos sobre Don Blatter e seus gângsteres que eles não querem que seja publicado?
Dois anos atrás uma fonte na Europa me deu uma lista de 170 propinas
pagas para os funcionários do alto escalão da Fifa, totalizando o
incrível valor de US$ 100 milhões.
Os nomes de João Havelange e Ricardo Teixeira estavam naquela lista e
eu tenho orgulho de ter ajudado a forçar a saída do velho do COI e de
seu ex-genro da CBF.
Curiosamente, a lista de propinas revela que mais de US$10 milhões
foram pagos em dinheiro vivo para uma pessoa anônima. Anos atrás me
contaram que Blatter era esperto o suficiente para não deixar rastro de
documentos sobre as suas propinas. Então será essa sua lista de propinas
nos contratos de marketing? Claro que ele nunca responde às minhas
perguntas.
E tem outra coisa que eu descobri sobre Don Blatter. Ele é um
predador sexual, e costuma se aproveitar das funcionárias do seu império
na Fifa. Elas são convocadas para uma suíte nos melhores hotéis do
mundo e na porta do quarto são confrontadas com a visão do Líder Máximo
abrindo seu robe de seda – e revelando seu equipamento de pontuação.
2. Os membros da organização criminosa
Agora, vamos nomear e envergonhar o assessor pessoal de Blatter,
Walter Gagg. Walter trabalha para Blatter na Fifa desde os anos 70 e
como seu chefe, vê as mulheres no futebol como oportunidades sexuais.
Uma vez Walter compartilhou uma amante com Havelange. Quando o
presidente descobriu, a mulher foi demitida.
Walter toma mais cuidado agora e fica longe das vítimas de Blatter.
Seus alvos são mulheres bem jovens. Um amigo em Zurique me deu alguns
e-mails de Walter. Ele havia deixado os e-mails no seu computador e eles
acabaram sendo fonte de diversão para todo mundo no prédio da Fifa.
Mas cuidado! Walter tem um novo título – chefe da segurança dos
estádios – e ele usa isso como uma desculpa para visitar o Brasil e dar
uma olhada nas garotas.
Uma foto pode valer mil palavras. Olhe para o caso amoroso entre
Ricardo Teixeira e o secretário geral da Fifa, Jerome Valcke. Se o
brasileiro é, como vocês sabem, um ladrão, fraudador e mentiroso
certificado que voou para a Flórida para escapar da Justiça, o que isso
diz sobre o secretário-geral do futebol?
Isso mesmo! Você acertou! Valcke é um mentiroso profissional. A
reputação dele foi jogada no lixo em um tribunal de Manhattan em 2006
quando o MasterCard processou a Fifa por mentir para eles sobre um
contrato de patrocínio. Em segredo, Jerome Valcke, então Diretor de
Marketing da Fifa, estava fazendo acordos sujos com o rival Visa.
O advogado Martin Hyman, do MasterCard, disse ao juiz “Nós aprendemos
com o Grupo de Marketing da Fifa sobre os seis graus de prevaricação:
mentiras brancas, mentiras comerciais, blefes, mentiras puras, mentiras
diretas e perjúrio. O senhor Valcke mentiu até quando testemunhou sobre
suas mentiras. Mas no mundo da Fifa, isso é perfeitamente normal.”
O juiz concordou e condenou Valcke como mentiroso. O presidente
Blatter não teve escolha e demitiu Valcke. Isso foi em dezembro de 2006.
Mas seis meses depois um novo Chefe Executivo da Fifa foi nomeado. Adivinhe? Era Jerome Valcke.
Por que Blatter mudaria de ideia? Estaria Valcke o chantageando?
Pode ser. Em abril de 2001, Valcke fazia parte de um grupo de
empresários tentando fazer negócios com a Fifa. Durante as negociações –
que acabaram fracassando – Blatter enviou uma carta a Valcke (e nós
temos essa carta) com um surpreendente comentário: “A posição da Fifa de
nenhuma maneira será alterada por ameaças ou tentativas de chantagem”.
3. De tio para sobrinho
A Família Fifa do Crime Organizado realmente quer
dizer família. Sepp Blatter tem o poder de ganhar os lucrativos
direitos televisivos para a Copa de qualquer canal do mundo. Ele deu 50%
destes direitos para a Infront, uma empresa suíça de marketing de
esportes. O chefe da empresa é seu sobrinho, Philippe Blatter.
Mas o sobrinho Philippe ganha ainda mais. O tio Sepp tem o ajudado a
adquirir um investimento na empresa Byrom que – comercializando sob o
nome MATCH – tem o monopólio do negócio lucrativo das acomodações para a
Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
São aqueles camarotes exclusivos que estão sendo construídos no
Maracanã e em outros estádios para os homens de negócios mais ricos do
mundo.
Atenção, amigo brasileiro: não pense nem por um segundo que você poderia comprar um lugar ali e provar a experiência gourmet que eles oferecem. Contente-se com um hambúrguer medíocre do McDonald’s e com um lugar, se você tiver sorte, atrás do gol.
A empresa Byrom é dos irmãos mexicanos Jaime e Enrique. Sua família
tem tradição no futebol mexicano, e eles são melhores amigos do
recebedor-de-propinas Havelange.
Aqui um pouco sobre a Big One. Ela é a agência de ingressos oficial
da Fifa. Incrivelmente, controla a venda de todos os ingressos para
2014.
Ainda nesse ano eu vou escrever a história (eu tenho os documentos!)
sobre o que exatamente eles, da Big One, fizeram para persuadir os
líderes da Fifa a dar essas maravilhosas e lucrativas concessões.
Então o sobrinho presidencial está indo muito bem com o evento que
está sendo pago pela população que paga impostos no Brasil. Eu tenho que
perguntar, será que ele está pagando propina para o tio Sepp?
A verdade é que o Brasil está sendo seriamente ferrado.
Os Byrom fracassaram em 2010 na Copa da África do Sul, porque
cobraram muito caro por pacotes de acomodação. Eles admitem que a perda
foi de pelo menos US$ 50 milhões. Agora, planejam recuperar o que
perderam em 2014 e ainda lucrar mais. O tio e seu
companheiro Ric Trapaceiro convenceram Lula a garantir para a Byrom e
outros parasitas da Fifa isenção nos impostos brasileiros sobre seus
lucros. Talvez os torcedores devessem protestar na frente do escritório
de Jaime e Enrique no Rio.
Tem mais. Você sabia que existe um clube maçônico secreto para
empresários conhecido como Corporação McKinsey? Eles falam uma língua
com barulhos incompreensíveis, que chamam de “jargão da administração”. E
também parecem se assemelhar à máfia.
A McKinsey foi contratada por Sepp Blatter no final dos anos 90 para
“reorganizar” a Fifa. Ele assinou cheques gordos para a McKinsey.
Adivinhe de novo! O sobrinho Philippe era então sócio da McKinsey.
Além dele, tinha um camarada chamado Markus Kattner. Depois de alguns
anos, o sobrinho Philippe passou a ser chefe na Infront. O Sr. Kattner
também deixou a McKinsey – para se tornar o Diretor de Finanças na Fifa.
Pense no quanto ele deve saber sobre os acordos de dinheiro sujo feitos
no bunker de Blatter em Zurique.
Esperamos que jornalistas brasileiros – e torcedores – façam algumas perguntas a ele.
4. O Bullying da Fifa
Homens minúsculos se envaidecem e se tornam arrogantes quando vão
trabalhar para a Fifa. Um típico exemplo é o Sr. Jörg Vollmüller, que
detém o grande título de Chefe do Departamento de Comércio Legal da
Fifa.
E o que ele faz? Ameaça governos que não se curvam à Fifa e a seus
patrocinadores, como a Coca-Cola. “Beije a bunda de Blatter”, ele diz,
“ou vocês não vão ter a Copa do Mundo”.
O governo Lula então se viu forçado a beijar a bunda de Blatter, de Ricardo Teixeira, de José Maria Marin e Marco del Nero – e de sua namorada, Carolina Galan – além de Joanna Havelange e João Havelange.
No meu site tem um exemplo das cartas de bullying que
o sr. Vollmüller gosta de escrever. Essa é para a associação de futebol
da Holanda, dizendo que o governo holandês não está beijando bundas o
suficiente, já que não dá abonos tributários o suficiente e, portanto,
não vai levar a Copa do Mundo.
De fato, não levou.
Eu gostaria de ver o Sr. Vollmüller andando por uma favela e
instruindo os moradores a se mudarem porque Sepp Blatter quer construir
uma estrada ou um hotel. Aí nós veríamos o quão valentão ele é.
Atenção: tenham cuidado também com Franz Beckenbauer. A partir de
agora ele vai entrar e sair do Brasil, procurando boas oportunidades de
negócio. Olhe atentamente e você vai ver que um passo atrás de Franz
está um cavalheiro volumoso com cabelo branco à escovinha. Voilá. Conheçam Fedor Radmann. Fedor é da “Máfia de Munique”, uma subdivisão da Família Fifa do Crime Organizado.
Fedor é famoso por entregar malas com grandes quantias de dinheiro,
com o propósito de ajudar os funcionários do esporte a votar da maneira
que ele quer.
Foi ele quem entregou as malas de propina para os líderes da Fifa em
2000, definindo a decisão de dar a Copa do Mundo de 2006 para a
Alemanha. Eu sei disso porque tenho os documentos.
O dinheiro veio do magnata da TV alemã, Leo Kirch, que também pagou
US$1 milhão para um amigo de Havelange no Rio, Elias Zaccour. O dinheiro
foi para uma conta de Zaccour em um banco em Luxemburgo. E depois de
lá, para onde? Ricardo? Sepp? João?
Outro mafioso da Fifa é o homem-da-mala, Jean-Marie Weber. Ele
trabalhou como cobrador júnior para o lendário empresário alemão Horst
Dassler – da família Adidas – que fundou a empresa de marketing ISL, que
parecia subornar quase todo líder esportivo do mundo para fechar um
negócio. Quando Dassler morreu, apenas Weber tinha a lista de
funcionários gananciosos.
Ao longo dos anos, Jean-Marie Weber levou em malas US$100 milhões
para Havelange, Teixeira e Blatter – e até entregou um pagamento que foi
parar na sede da Fifa por engano. Blatter sabia das propinas e ao
permitir que seus colegas as recebessem, garantiu seus longos anos no
poder.
Quem mais levou dinheiro do homem-da-mala Weber?
O diretor do Comitê de Organização para 2014 da Fifa é um verdadeiro
buraco negro para dinheiro sujo. É ninguém menos que o presidente do
Conmebol desde 1986, o paraguaio Nicolas Leoz. Ele recebeu,
comprovadamente, cinco propinas que totalizam US$ 730 mil de Weber. Eu
acho que havia muito mais, mas Leoz conseguiu esconder as contas nas
quais o dinheiro foi parar.
O vice de Leoz no comitê para a Copa do Mundo de 2014 é outra esponja
de propinas. Issa Hayatou comanda o futebol na África quando não está
tirando dinheiro de ninguém. Eu denunciei ambos em um programa da TV BBC
em 2010, mas não houve até agora nenhuma atitude da família da máfia
Fifa para expulsá-los.
Então, amigo brasileiro, proteja também suas economias, chaves de carro, laptops, celulares e sapatos.
5. Vaias em nome da Copa
Nós podemos estar excluídos do poder do futebol mas ainda temos
nossas vozes nas ruas e estádios. As campanhas e o slogan “Fora
Teixeira” ajudaram a perseguir aquele bandido para fora de sua casa no
Rio até o seu esconderijo em Boca Ratón, na Flórida – um nome muito
apropriado.
Blatter odeia ser tratado desrespeitosamente. E vocês, torcedores,
têm muito poder em seus pulmões. Blatter foi vaiado durante a Copa do
Mundo na Coréia. Com medo de um repeteco, ele não ousou aparecer para
entregar o troféu na final da Copa da Alemanha em 2006. Também tem sido
vaiado na Inglaterra.
Seria ótimo ler o slogan “Vaie Blatter” pintado em todos os muros no
Brasil. Ao lado, poderia estar rabiscada a verdadeira equação: “FIFA =
Máfia”.
Então vamos começar já, praticando, respirando fundo, e: BUUUUUUUUUUUUUU!
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