O Cloud Seeding é um dos mais famosos métodos de
controle dos fenômenos meteorológicos. Entenda como ele funciona e saiba
por que ainda não é possível manipular completamente o tempo.
Controlar as condições meteorológicas e as temperaturas de um
local artificialmente não é um desejo moderno — a verdade é que o homem
sempre tentou fazê-lo.
Os mais antigos livros de História já trazem histórias de como o
homem tentava desde então fazer chover, afastar o frio extremo, mudar as
estações ou mesmo obter melhores condições meteorológicas para o êxito
das suas colheitas usando rituais. Porém, com os avanços da tecnologia,
estamos mais perto de conseguir isso do que nunca.
Um pouco de história
Se hoje em dia nós temos um método que semeia as nuvens com
partículas para que as chances de chover aumentem, antigamente a
tecnologia não era assim tão avançada e as pessoas estavam apenas
começando a entender como as alterações meteorológicas funcionavam.
Relatos dos povos mais antigos, por exemplo, indicam que eles
culpavam os “deuses da natureza” pela falta de chuva, o frio, as
mudanças climáticas ao longo do ano e qualquer outro fenômeno desta
natureza. Dessa crença nasceram as diferentes mitologias existentes até
hoje, como a romana, a nórdica, a grega etc.
Bem mais próximo dos nossos dias, entre as décadas de 50 e 60, novas
tentativas de controlar as chuvas foram feitas por um médico e
pesquisador austríaco chamado Wilhelm Reich. O seu método, chamado de
“Cloudbust”, usava um aparelho que parecia um canhão para controlar o
que ele chamava de “energia orgônica”, um tipo completamente não
científico de “energia vital”.
Cloudbuster, indicado por uma seta (Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia)
Porém, assim como as danças e mitos dos povos antigos, o método de
Reich nunca foi confirmado ou mesmo apoiado pela ciência, não tendo
nenhum resultado comprovado de aumento real da quantidade de chuva em
uma região devido ao uso do aparelho.
Cloud Seeding, a semeadura de nuvens de chuva
Ao contrário do método de Wilhelm Reich, que abusava de mistérios e
teorias obscuras, a semeadura de nuvens é um dos primeiros métodos que
realmente possui alguma base científica (ainda que não seja
completamente apoiado e comprovado pela comunidade de estudiosos) e tem
registros de aumento real da precipitação nas regiões usadas.
O funcionamento da semeadura de nuvens (Cloud Seeding, no
original) é simples: aviões carregados de iodeto de prata e gelo seco
pulverizam isso sobre potenciais nuvens de chuva, para que eles
facilitem a criação de cristais de gelo e aumentem as chances de
precipitação naquela região.
Avião com mecanismo de pulverização de iodeto de prata. (Fonte da imagem: Reprodução/Christian Jansky)
Em uma explicação simples, o que acontece no meio da nuvem de chuva é
o seguinte: o iodeto de prata, ao ser pulverizado sobre uma nuvem,
atrairia minúsculas gotículas de água, formando uma gota maior e mais
pesada, que se transformaria em chuva, propriamente dita. Isso quer
dizer que, na prática, ele não produz chuva, apenas acelera a sua
formação.
Pesquisas indicam que este método possa ser capaz de aumentar em até
10% as chances de chuva nos locais onde a semeadura ocorre, apesar de
ser muito difícil provar o quanto ele realmente ajudou em uma nuvem em
particular. Para a agricultura, um dos principais campos de utilização
do método de Cloud Seeding, no entanto, esse percentual pode ser exatamente o que faltava para uma boa colheita.

Métodos de semeadura de nuvens (Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia)
É importante notar, no entanto, que é preciso existir uma nuvem para que seja possível “semeá-la”. O processo de Cloud Seeding não
é uma forma mágica de criar nuvens a partir do nada, como prometia o
método de Wilhelm Reich; ele apenas acelera a precipitação de uma nuvem
já existente.
Por esse motivo, notícias de que o método de Cloud Seeding seria
usado em locais como o nordeste brasileiro, onde as nuvens de chuva nem
chegam a se formar, causam bastante controvérsia, já que isso não seria
possível — não é possível criar uma nuvem de chuva do nada.
HAARP — um controverso projeto
Se você nunca ouviu falar do HAARP,
é bom ter cuidado com a fonte que você vai utilizar para se informar,
já que existem muitas teorias da conspiração envolvendo este gigante
complexo do governo dos Estados Unidos que, de acordo com essas teorias,
teria a capacidade de modificar completamente o clima da Terra.
(Fonte da imagem: Reprodução/HAARP)
Segundo relatos oficiais, o projeto tem como objetivo principal
ampliar o conhecimento obtido até hoje sobre as propriedades físicas e
elétricas da ionosfera terrestre. Com isso, seria possível melhorar o
funcionamento de vários sistemas de comunicação e navegação, tanto civis
quanto militares (o que gera desconfiança em grande parte dos
conhecedores do HAARP).
Para realizar estes estudos, as antenas de alta frequência do HAARP
enviam ondas para a ionosfera visando a aquecê-la. Assim são estudados
os efeitos das mais diversas interações de temperaturas e condições de
pressão.
O problema é que, de acordo com algumas das patentes relacionadas ao
HAARP, muitos estudiosos e teóricos da conspiração passaram a defender
que ele poderia ser usado como uma arma geofísica para a manipulação do
clima em qualquer parte do mundo, podendo ser usado como uma forma de
controle pelos Estados Unidos.
(Fonte da imagem: Reprodução/HAARP)
Isso nunca foi comprovado, porém muitas pessoas afirmam que os
terremotos do Taiti em 2010 foram causados por um teste do HAARP naquela
região e até que o clima de toda a Terra já tem sido manipulado pelos
Estados Unidos. Todas essas teorias são apenas especulações e não devem
ser levadas a sério, no entanto.
Não existe um método 100% eficaz
A verdade é que, apesar do Cloud Seeding ser um método com
resultados parcialmente comprovados e de existirem relatos de métodos
semelhantes que também obtiveram algum sucesso, não existe ainda uma
maneira 100% eficaz de controlar o tempo e as condições meteorológicas.
Muitas medidas podem, e são, tomadas em terra para garantir uma
melhor qualidade de vida independente do clima da região. Porém a
manipulação dos fenômenos meteorológicos ainda é uma ciência que
engatinha, e é preciso tomar muito cuidado com as descobertas
tecnológicas neste campo, para não transformar essa tecnologia em uma
arma em potencial.
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